A ideia básica parece ser que se alguma coisa não sentir a dor da forma como um ser humano a sente, é permitido magoá-lo. Apesar de isto não ser necessariamente verdade, a ilusão das diferenças é mantida pelo medo que a percepção de similaridades poderá dar origem à obrigação de acordar respeito e talvez mesmo igualdade. Parece ser particularmente o caso quando se trata de sofrimento, dor, mágoa e tristeza. Nós não queremos causar essas sensações aos outros porque sabemos o que se sente quando somos nós a experimentá-los. Ninguém defende o sofrimento como tal. Mas o que dizer das experiências em animais? A sua defesa gira à volta de utilidade, opondo a importância do maior bem comum face a um sofrimento menor. Implícita está habitualmente a maior importância daqueles que lucram com isso (por exemplo, os cientistas empregues pelas empresas de cosmética ou farmacêuticas para realizar experiências em coelhos) comparativamente à menor importância daqueles que são sacrificados para o benefício dos primeiros.
Um investigador que realiza experiências em animais inevitavelmente irá quase sempre negar que os animais sofram da mesma forma que os humanos. Em caso contrário ele estaria implicitamente a admitir a crueldade. O sofrimento experimental não é imposto ao acaso e sem consentimento nos seres humanos e defendido como ético com base em que irá proporcionar enormes benefícios a outros (Pelo menos já não hoje em dia). Os animais sofrem. Poderemos ou deveremos nós medir o seu sofrimento, compará-lo com o nosso próprio? Se for como o nosso, como poderá isto continuar? Tal como Rousseau escreveu no seu Discourse on the Origin of Inequality em 1755: "Parece que, se for obrigado a não ferir qualquer ser como eu próprio, não é tanto por tratar-se de um ser razoável *, mas sim porque se trata de um ser sensível". Para além disso, porque é que o sofrimento tem de ser igual ao nosso para que seja injustificável infligi-lo? Tem sido argumentado que os humanos experimentam a dor mais acentuadamente porque a recordamos e antecipamos; de acordo com os termos de Rousseau porque somos "razoáveis". Contudo não é manifesto que os animais não possam fazer essas mesmas duas acções. |