El Camino de Santiago tem sido percorrido ao longo de milhares de anos por santos, pecadores, generais, inadaptados, reis e rainhas. E é sempre feito com o intuito de encontrar o significado espiritual mais profundo de cada um e as resoluções para conflitos internos. A energia do Camino era já conhecida pelas gentes da Antiguidade como forma de conseguir uma maior reflexão e conhecimento internos.
Os livros de História situam El Camino na época dos Celtas com as correspondentes histórias mitológicas de revelações cósmicas; a presença multi-dimensional de gnomos, fadas e duendes; e o aspecto da lenda que mais me interessou - o facto de o trajecto terminar na Finisterra, alguns quilómetros mais a oeste de Compostela, no Oceano Atlântico, que se considerava ser o fim do mundo conhecido, na época.
Pus-me a pensar o que teria sido esse mundo desconhecido. Teria existido alguma terra anterior aos nossos registos históricos? Estaria a atrair-nos, àqueles de entre nós que sentem necessidade de percorrer o Camino, até que de alguma forma o voltássemos a tocar? Porque é que se crê que o trajecto ao longo do Camino proporciona auto-conhecimento ao peregrino, assim como o entendimento do seu próprio destino? Era quase uma questão urgente que eu o percorresse para poder caminhar por entre os segredos da minha própria história - que retornam a um tempo muito para além daquilo que a minha imaginação podia supor - quase como uma consciência obsessiva de que a minha realidade pessoal passaria a ser mais óbvia. Mas não estava de forma alguma preparada para o impacto que teria em mim! |