Todos nós somos parceiros de viagem. E essa viagem é a vida. Percorremos, um após o outro, países onde as perspectivas e as aventuras divergem totalmente, onde até difere a percepção que temos dos seres, das coisas, do tempo e do espaço. Esses países têm as suas cidades, os seus campos, as suas montanhas, os seus mares – e as vertentes abruptas que os separam fazem deles territórios autónomos; a sua exploração sucessiva constitui a existência humana. Neste percurso não estamos sozinhos e, quer queiramos quer não, integramos a caravana da geração com a qual iniciámos a marcha, cujas fileiras irão definir-se até ao fim. Às vezes, cheia de energia, arrasta-nos no seu entusiasmo; outras vezes, teimosa e indecisa, bloqueia-nos na sua ansiedade.
Pelo caminho cruzamo-nos com outras caravanas provenientes de outras idades – e estas paragens ou estes troços de caminho feitos em conjunto revelam-se apaixonantes. Ficamos presos à narrativa desses viajantes que evocam lugares onde já tínhamos estado antes e saboreamos cada detalhe – ou regiões sobre as quais ainda nada sabemos, a não ser o medo ou o fascínio que as palavras nos possam transmitir.
Alguns episódios do périplo geram uma ilusão passageira de sedentarismo. Por vezes estamos impacientes por deixar determinados países, existindo outros onde gostaríamos de permanecer – e ficamos desesperados quando nos é dada a ordem de partida. O trágico também faz parte do viático. E quem procura evitá-lo, acaba por sofrer as devidas consequências. |