«Atravessei o caminho revestido de folhas de parra e penetrei na rua escurecida. O influxo daquela estranha luz (azulada, na minha memória) continuava a dominar-me. Eu prosseguia como um autómato. Nada me metia medo. Andei, andei, andei por caminhos isolados, perante o assombro da natureza, que me protegia. Entrevi jardins encantados. Árvores frondosas davam-me as boas-noites, oferecendo-me a sua folhagem amadurecida. As flores perfumavam o ambiente, e eu sorvia-lhes o aroma afrodisíaco. Passavam na estrada algumas motoretas ruidosas, mas eram como foguetes estrepitantes a animarem uma festa pagã, preparada especialmente para mim por qualquer ente misterioso. Toda eu estremecia de comoção e, excitada, andava, andava, andava, em plena liberdade, desprovida de medos e preconceitos.»
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