Proponho neste livro sete experiências capazes de transformar a nossa visão da realidade. Elas levar-nos-iam muito para além das fronteiras actuais da investigação. Provavelmente, revelar-nos-iam muito mais acerca do mundo do que a ciência alguma vez ousou imaginar. Qualquer delas, se fosse bem-sucedida, abriria perspectivas novas e desconcertantes. Todas somadas, poderiam revolucionar o nosso conhecimento da natureza e de nós próprios. Este livro não trata apenas de um tipo de ciência mais aberto, mas de uma forma mais aberta de fazer ciência: mais pública, mais participativa, menos monopolizada pelos sacerdotes da ciência. As experiências que proponho custam muito pouco dinheiro, algumas quase nenhum. Estão praticamente ao alcance de qualquer pessoa interessada. Porque a ciência institucional se tornou tão conservadora, tão limitada pelos paradigmas convencionais, alguns dos problemas mais essenciais são ignorados, tratados como um tabu ou remetidos para o último grau de prioridade da agenda científica. São anomalias. Não encaixam. Por exemplo, a capacidade de encontrar o caminho de regresso, demonstrada pelos animais migratórios e pelos que são lançados longe de casa, como as borboletas monarca e os pombos-correio, é um grande mistério. Nunca foi explicada pela ciência ortodoxa, e provavelmente nem pode sê-lo. Mas a capacidade de orientação dos animais é uma área de investigação pouco conceituada quando comparada, por exemplo, com a biologia molecular, e são muito poucos os cientistas que nela trabalham. E no entanto talvez bastassem investigações relativamente simples sobre o comportamento de regresso a casa para transformar o nosso conhecimento da natureza animal e ao mesmo tempo abrir caminho à descoberta de forças, campos ou influências que a física actual desconhece. E para essas experiências não é necessário muito dinheiro, como demonstro neste livro. Todas elas estão ao alcance das capacidades de muitas pessoas que não são cientistas profissionais. Aliás, as pessoas mais indicadas para fazer esta investigação seriam os columbófilos, que são mais de cinco milhões em todo o mundo. |